sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Prosa do campo

Os campos são meus novamente por que na verdade nunca foram de ninguém...
A liberdade que m'envolve acomoda todo um mundo; oruindo da utopia do ser que se lança livre, rumo à escritura do novo, que persiste em acontecer.
Se a liberdade do campo é o balanço do trigo ao vento; supostamente livre passeia a liberdade, sobre campos oriundos ao meio! Laterais dos gestos de adeus...nas bordas; saudade que não veio...
Campos...
Pertenço ao mundo que não creio, pelas faltas das figuras que anseio, na figura deixo claro os cantos aprendidos no gorjeio...!
Da ave secreta que me liberta, do poço dos desejos que se tornou minha cela...agora é pleno de água... e encerro a incognita.

A flor

A flor calma
por debaixo da terra
ouve rumores do vento
que sopra sobre o caule
*
Que flor é esta
que vaga ao lado do chão
levando da chuva sermão
e sempre ouve calada?
*
É a flor
que sofre sozinha
o desejo de amar que triste caminha
seguindo os passos
de quem já não vinha
pensamentos cantados
dor que a tinha
*
A raiz trêmula
persiste
insiste em brotar
estar na alma da floresta e assim florescer
para ser
independente
como uma semente
pronta para voar

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

LUGAR


O lugar de hoje
O mesmo procurado há tempos atrás
Não me atrai mais...

Um lugar diferente
Canto de inspiração
Palmeiras a minha frente
Folhas da evolução
Poetas de punho quente
Em momento de provação

Que foram seguindo a frente
E sentados, com pernas cruzadas
Cruzados corações seguros
Ao vento dos miseráveis

Afáveis palavras soltas
Em horas envoltas e maleáveis
Assim partimos rumo ao interior
No teor da cumplicidade
Na terna e nossa idade.

O COPO

O copo pode ser a porta
Que me importa,
Que corta como lança
Lancinante

Um copo vazio
Em um canto sobrou
Desejo de encher
Com o que não existiu

Ébrio o cancioneiro caminha
Na sina de ser caminheiro
E o copo que é tua sede
Bebo de um gole
Aliviando a tua sede em mim
enfim

Se for cheio ou vazio
Se for pra perder os sentidos
Que flutue até a boca
E me faça consolar...

Quem Somos - as quatro faces

Por ordem (de apresentação, não de discurso):

Leandro Torres / Rosana Griloni / André Plez / André Motta

quatro estações
união entre
verão primavera inverno outono
unir as quatro estações
urdir num único tempo
as sensações poéticas

*quatro carregadores de água*

(...)
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.

Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos

parte do poema de Manoel de Barros
Fonte: Exercícios de ser criança: O Menino que carregava água na peneira
Editora Salamandra